As pálbebras tem a importante função de proteger o globo ocular das agressões externas e da luminosidade excessiva. Além disso, é a responsável por produzir componentes importantes da lágrima e distribuir uniformemente o filme lacrimal pela superfície anterior dos olhos através do ato de piscar. As pálpebras normalmente se fecham por completo durante o piscar e durante o sono, e o fechamento incompleto delas, dependendo do grau, pode trazer prejuízos à lubrificação e à superfície ocular. Os cílios, que são mais numerosos nas pálpebras superiores, contribuem para a proteção ocular e normalmente crescem no sentido contrário do globo ocular. Nas pálpebras também encontramos glândulas sebáceas (que produzem gordura, sebo) e glândulas sudoríparas.
Existem diversas alterações anatômicas e funcionais que podem ser tratadas clinicamente ou corrigidas cirurgicamente, sejam por razões reparadoras ou estéticas.
As alterações palpebrais mais comum são:
Blefarite: trata-se da inflamação da margem palpebral, geralmente crônica, e é causa freqüente de desconforto e irritação ocular. Geralmente está associada a uma oleosidade excessiva produzida pelas glândulas palpebrais e à infecção crônica por bactérias no local. O tratamento é essencialmente clínico.
Cistos palpebrais: mais comumente representados por calázios, que são cistos benignos indolores, de tamanhos variados, mais freqüentes na pálpebra superior, que apresentam conteúdo sebáceo em seu interior.
Hordéolo ou terçol: É a inflamação aguda do folículo piloso de um cílio, e cursa geralmente com edema e dor local. Regride frequentemente com o tratamento clínico.
Ptose: é o posicionamento anormalmente baixo de uma ou de ambas as pálpebras. Pode ser causada por desinserção senil dos músculos que abrem a pálpebra, bem como por doenças neurológicas e musculares. O tratamento é geralmente cirúrgico e varia de acordo com a causa.
Ectrópio: alteração anatômica em que a pálpebra é distanciada, afastada do globo ocular, algumas vezes até “virando-se para fora” completamente. Isso traz prejuízos consideráveis à lubrificação ocular, e é geralmente causado pela flacidez dos tendões palpebrais em decorrência do envelhecimento. O tratamento é geralmente cirúrgico.
Entrópio: é a inversão da margem palpebral em direção ao globo ocular, causando atrito dos cílios na córnea e/ou conjuntiva e intensa irritação ocular. Assim como o ectrópio, é geralmente uma alteração senil dos ligamentos palpebrais e seu tratamento é geralmente cirúrgico.
Dermatocálase: é o excesso de pele das pálpebras, que geralmente produz um aspecto envelhecido à face. Pode estar associada a bolsas palpebrais proeminentes e, em alguns casos avançados, a dobra de pele torna-se tão extensa na parte superior dos olhos que ultrapassa os cílios. Neste ponto chega a causar desconforto e cansaço em virtude do peso da pele sobre a pálpebra. A correção é cirúrgica.
Cirurgia das Vias Lacrimais
As vias lacrimais são responsáveis pelo escoamento da lágrima, evitando o lacrimejamento. Trata-se de um sistema longo, semelhante a uma tubulação, que começa no canto interno das pálpebras (nos pontos lacrimais), e termina dentro no nariz. Alguns bebês apresentam lacrimejamento durante meses após o nascimento, em virtude da abertura incompleta da via lacrimal dentro do nariz. Porém felizmente a maioria dos casos se resolve espontaneamente até o primeiro ano de vida.
As causas de lacrimejamento devem ser cuidadosamente avaliadas, pois o tratamento é direcionado de acordo com a causa. Se a causa for a obstrução da via lacrimal, também é de fundamental importância presumir o local da obstrução pois para cada local existe um tipo diferente de cirurgia. Algumas obstruções podem causar infecções cutâneas perioculares (celulite orbitária) e necessitarem de tratamento clínico com antibióticos antes da cirurgia.
A Dacriocistorrinostomia (DCR) é a cirurgia realizada quando há obstrução da porção baixa da via lacrimal e tem a intenção de fazer um novo trajeto para que a lágrima alcance o interior do nariz. Ela pode ser feita por via externa (pela pele, deixando uma pequena cicatriz), ou por via endoscópica nasal, com auxílio de um otorrinolaringologista (sem cicatriz externa). Ambas as cirurgias possuem alto índice de sucesso.